Em Música para Água Ardente, Charles Bukowski serve-nos um copo curto de realidade — seco, direto, sem gelo nem filtro.

São mais de trinta histórias cruas, velozes e mordazes, onde volta a surgir o seu infame alter ego Henry Chinaski, rodeado de perdedores magníficos, alcoólicos funcionais, amantes fugidias e apostadores que continuam, contra todas as probabilidades, a acreditar na sorte.

Cada conto é um murro na mesa, um trago amargo e ardente que nos queima por dentro. Bukowski percorre bairros mal iluminados, motéis decrépitos, pistas de corridas e bares esquecidos pelo tempo — e por Deus — à procura de fragmentos de redenção no meio do caos.

Com humor negro, brutalidade lírica e uma humanidade devastada, este livro é um blues literário para almas cansadas, um hino aos que falham todos os dias, mas continuam a levantar-se… ou pelo menos a tentar.

No calor entorpecido dos radiadores dos motéis de Los Angeles, a música que escorre destas páginas não pede aplauso — apenas que se ouça.